Reabertura das Escolas - o que a Arquitetura tem a ver com isso?

O espaço físico como aliado na reabertura das escolas por COVID 19 – PARTE 1

Devido a Pandemia do Covid 19, finalmente educação e saúde estão de mãos dadas para a segurança e bem estar das crianças nas escolas brasileiras. A fim de diminuir o risco de propagação da doença, foram criadas várias recomendações para a reabertura das escolas como, por exemplo, o distanciamento de carteiras dentro de salas de aula, criação de novos espaços de higienização, novos controles de acessos, limitação do uso de área comuns. Todas são recomendações que envolvem saúde, educação e adaptações do espaço físico escolar.

Como poderíamos implementar fisicamente esses novos requisitos de maneira que causassem um impacto positivo nos usuários, encarando estas mudanças como aliadas e não como um retrocesso de 20 anos do espaço físico da escola? Como nós, arquitetos, juntos com Saúde e Educação, podemos usar esta oportunidade para alavancar mudanças no ambiente de ensino que sejam saudáveis, proporcionem segurança, saúde física e emocional para os usuários? como podemos explorar a arquitetura em favor da pedagogia e saúde neste momento de crise?

Imaginemos professores, crianças e adolescente, depois de meses sem voltar para a escola, com saudades dos amigos e do espaço físico, entrando em um ambiente transformado, com controles de temperatura, uso de máscaras e ambientes que impedem qualquer socialização. Consideremos ainda toda a bagagem de insegurança de meses de isolamento. Não seria de pensarmos na adaptação destes ambientes a fim de mostrar uma ‘escola nova’, com ambientes menos consumista e um aprendizado mais individualizado? Aonde as crianças seriam incentivadas a criar seu próprio brinquedo com poucos elementos mas com mais criatividade? Ambientes e pedagogias que dariam os instrumentos para um tempo de educação mais individualizada, promovendo uma reflexão sobre o indivíduo e consequentemente sobre o coletivo, promovendo o autorreconhecimento dos alunos e o reconhecimento de cada aluno como um aprendiz, pelo professor e pela escola.  Para que quando a socialização volte a estar presente em cada canto da escola, como deve ser, crianças e professores tenham vivenciado alguns valores que aos poucos estão sendo esquecidos no sistema de educação atual como a autocritica, o autorreconhecimento, a independência, a autoconfiança e organização, o respeito ao outro indivíduo e ao espaço comum afim de um bem maior, afinal,  a obrigatoriedade destas adaptações é temporária, mas os conceitos ensinados e aprendidos nesse tempo ficam na memoria intelectual e afetiva de todas as crianças.