Os espaços de descompressão no lar

Espaços de descompressão são comuns em projetos corporativos, como as grandes empresas de tecnologia Google e Facebook. Esses ambientes são destinados ao descanso do corpo e da mente de forma que os colaboradores possam recarregar suas energias - o que também contribui para o ócio criativo. Os benefícios são tanto para a saúde quanto para a produtividade dos prestadores de serviços.

Esse conceito permeia a neuroarquitetura, um campo interdisciplinar que envolve neurociência, psicologia e arquitetura. O objetivo é compreender o impacto da arquitetura sobre o cérebro e o comportamento humano, visando projetar espaços que contribuam para o bem-estar e a felicidade das pessoas.

A neuroaequitetura se mostra ainda mais relevante no atual cenário de pandemia da Covid-19, uma vez que a relação entre espaços e pessoas recebe cada vez mais atenção. Essa situação atípica e indesejada trouxe o isolamento residencial, passamos muito mais tempo nos ambientes internos e a concepção de casa teve que ser ressignificada.

Assim sendo, os espaços de descompressão estão migrando do escritório para o lar. Este, antes entendido como um espaço para morar, não para viver, pois somente satisfazia as necessidades básicas e fisiológicas dos indivíduos. Nos últimos anos, passou a ser um lugar de pertencimento: acolhimento, conexão e revigoro. Hoje, também é local de trabalho e estudo.

É importante se atentar, pois toda essa adaptação pode gerar certa negligência no autocuidado e, consequentemente, na qualidade da vida. O fato de exercermos as mais diversas tarefas em um único espaço, muitas vezes compartilhando do convívio familiar, pode acabar nos desconectando dos pequenos prazeres de estar em casa.

Por isso, trazer os espaços de descompressão para o lar é uma tendência que veio para ficar. A neuroarquitetura residencial tem o zelo de criar e adaptar projetos de acordo com o estilo de vida dos moradores, considerando suas necessidades e desejos particulares. Aqui se resgata o ideal de casa como lugar especial, onde cada ser humano convive de forma plena, harmônica e saudável.

As mudanças de vida não limitam a arquitetura, afinal, ela traz é responsável por apresentar soluções. Tem o poder de acolher, estimular, integrar e favorecer as qualidades interpessoais. Na prática, como isso acontece? Projetando ambientes relaxantes, que promovam a contemplação do momento presente, a conexão com a natureza e o autocuidado de corpo, mente e espírito.

Contato visual e/ou físico com a natureza, iluminação e ventilação natural, biofilia, pedras e cristais e decoração afetiva são algumas premissas básicas. O espaço também pode ser temático, como uma sala para meditação ou leitura, hidromassagem e até mesmo o jardim. O importante é que o morador se identifique com o local e possa aliviar a tensão e o estresse da atribulada rotina da vida moderna. Os benefícios são inúmeros, vão desde a melhora na qualidade do ar que se respira até a memória.