Com as crianças passando cada vez mais tempo dentro de casa, o desafio de que elas não se tornem dependentes de tecnologias - como celular, computador e videogame - é ainda maior. Além deste cuidado necessário, vale lembrar que a relação dos pequenos com o espaço físico pode exercer uma influência muito positiva no processo de aprendizagem e desenvolvimento.
Ao projetar uma nova residência é imprescindível pensar em um dormitório que acompanhe o crescimento das crianças. Se possível, é interessante criar outro cômodo destinado apenas a elas, como brinquedoteca ou playground, por exemplo. Já nos casos de reforma, é possível fazer algumas mudanças que resultam em significantes impactos positivos, muitas vezes somente com troca de mobiliário.
Em ambos os casos, alguns pontos são fundamentais neste tipo de projeto: crianças precisam de espaços onde adultos brincam junto, para as brincadeiras mais direcionadas. Assim como elas precisam de espaços onde brinquem sozinhas ou com outras crianças, para que possam ter liberdade sem a intervenção constante de adultos.
O conforto e a segurança são fatores importantes, pois os pequenos se permitem a novas descobertas quando se sentem confortáveis e seguros. Outro ponto essencial são os objetos, uma vez que o tato é o primeiro sentido a ser desenvolvido pelos seres humanos - por volta da 5ª ou 6ª semana de gestação.
Quando o bebê nasce, ele apresenta aguçada curiosidade em tocar o mundo que o cerca, o que é primordial para o desenvolvimento de suas habilidades. Em tempo, o estímulo dos cinco sentidos deve ser uma prioridade na infância. As crianças precisam realizar atividades que as permitam explorar não só o tato, mas também a visão, paladar, audição e olfato. As formas e texturas, cores, gostos, sons e cheiros os ajudam a compreender como a vida acontece.
Por tudo isso, deve-se pensar em cada detalhe ao projetar um espaço infantil. O ponto de partida é ouvir as crianças, perguntar o que elas gostam e o que desejariam ter no seu espaço. É um processo de cocriação em que os pequenos ajudam a montar um lugar em que se identifiquem. Caso não seja possível os ouvir – por ainda não terem desenvolvido a fala ou qualquer outro motivo – tente perceber quais são as suas preferências, aquilo que eles mais procuram ou se entusiasmam quando interagem.
Além de todos os pontos já mencionados, existem certas recomendações para cada fase de desenvolvimento. Exemplo: nos primeiros meses de vida os bebês podem contar com tapetes interativos, que os ajudam a firmar os primeiros movimentos. Entre o primeiro e segundo ano gostam de tudo o que envolve o contato físico, neste período, é bacana investir em móveis - principalmente prateleiras - que oportunizem o montar e desmontar de objetos.
A partir dos três até, aproximadamente, os sete anos, tendem a preferir os conjuntos de mesinhas e cadeirinhas para desenharem, lerem histórias, entre outros. Já na etapa final que marca a infância, entre os sete e doze anos, costumam querer espaços com mais personalidade para jogar, estudar ou realizar projetos escolares em grupo. Aqui, geralmente são inseridos puffs, mesinhas de centro ou escrivaninhas
É válido salientar que cada criança é única e possui suas demandas específicas. De maneira geral, os espaços infantis precisam ser lúdicos para estimular a imaginação e a criatividade dos pequenos. Para isso, devem ser coloridos e funcionais – elas gostam de praticidade e costumam fazer bastante bagunça, portanto, a funcionalidade colabora para manter o local organizado. Por último, e não menos importante, o local deve refletir a personalidade dos pequenos, que precisam se sentir acolhidos no ambiente.